(Nicolau Kietzmann*
| Fotos: Reprodução)
Para quem
já leu Sagarana ou Grande Sertão Veredas, de Guimarães
Rosa, que passou 45 dias viajando pelo serrado em 1951 conhecendo
sua geografia, as histórias e cultura do homem do sertão,
poderá entender um pouco como é a beleza de um dos
parques ainda intocado pelos turistas.
O Parque
Nacional Grande Sertão Veredas, deve sua criação
à ONG Fundação Pró-Natureza (Funatura)
que investiu em estudos, comprou fotos de satélites e acabou
descobrindo que na região havia uma rica reserva de fauna,
flora e uma vasta cultura popular. Além da conquista da
área do parque, a Funatura conseguiu conquistar o primeiro
projeto aprovado no Programa de Conversão da Dívida
Externa Brasileira para fins ambientais, o que garante que o Parque
receba US$ 132 mil por ano até 2013.
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O parque é uma homenagem à obra de Guimarães
Rosa
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A rica reserva de flora, fauna se associa à cultura
popular da região
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O Parque abrange
uma área de aproximadamente 83 mil hectares, nos municípios
de Formoso, Arinos, Januária, e São Francisco no nordeste
de Minas Gerais e Cocos no sul da Bahia. Por estar no Planalto Central
tem a temperatura média anual de 21 ºC, tendo o período
mais seco de setembro a novembro, data ideal para quem quer conhecer
a região.
Localizado
no Chapadão Central, divisor de águas das bacias
dos rios São Francisco e Tocantins, a região é
plana e favorece boas caminhadas, passeios de jipes ou cavalos,
mesmo porque as longas distancias e a falta de infra-estrutura
de estradas só permite conhecer o Parque desta forma.
A paisagem
é formada por por árvores pequenas e ressecadas
de pequeno e médio porte, como a Peroba-do-campo, Ipê-amarelo
e os Buritis, um tipo de palmeira que prolifera em toda a região.
Entre a paisagem árida, existem rios que correm tranqüilos
e rasos como o Rio Braquinho, que merece uma boa caminhada descalço
para se refrescar. As cachoeiras também proporcionam bons
momentos de descanso. Não se pode perder uma boa ducha
na cachoeira do Costa ou na cachoeira do Rio Claro.
Os dirigentes
do parque possuem projetos para que o sertanejo se integre e se
harmonize com sua nova realidade. Vale a pena conhecer aspectos
culturais deste povo calmo e receptivo com sua sabedoria do serrado.
Você deve prestar atenção em seu vocabulário
típico, escutar músicas tocadas em uma rabeca, instrumento
parecido com o violino, o artesanato como a rede feita com as
folhas do buriti e se for em abril, pode assistir a dança
Mulata, os homens e as mulheres dançam batendo o pé
no chão e se cumprimentam uns aos outros com os ombros.
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