Pintado,
o mais cobiçado pelos pescadores
Fumio
Kubo, 64 anos, que pesca há 32 anos no bairro Jupiá,
diz que atualmente, com o fechamento do rio em Porto Primavera,
aumentou a captura de espécies predadoras como tucunaré,
corvina e piranhas. Estas últimas podem ser capturadas
no barranco, com vara, anzol e isca com pedaços de carne
ou peixes. O tucunaré e a corvina já dependem de
embarcações. Segundo Kubo, é preciso ir para
o meio do rio, em pontos mais prováveis de suas localizações.
Entre
as espécies que Kubo diz ter reduzido a população
no Rio Paraná estão a piracanjuba, o dourado e o
corimba. Com algumas dicas de pontos propícios no meio
do rio, ele afirma que é possível pegar piapara,
pacu e pintado. Aliás, o pintado é o luxo de qualquer
pescaria na região do Brasil Central, mas no Rio Paraná
é onde eles alcançam os maiores tamanhos.
Akira
Murai afirma que, ao invés de uma captura por dia, como
ocorria há duas décadas, hoje o pescador precisa
em média de uma semana para pescar um belo pintado, com
mais de 5 kg. O maior dos últimos dois anos fisgado por
Murai pesou 16 kg.
Para
pescar pintado no Rio Paraná, os pescadores usam pequenas
embarcações, a maioria botes sem conforto que transportam
duas ou três pessoas. As tentativas são sempre noturnas,
quando o grande rei das águas doces parte para sua caçada.
Suas principais presas e que devem se usadas como isca são
peixes de carne branca e de escamas, como piaparas e corimbas.
O anzol também deve ser grande.
Os
pintados preferem locais entre pedras, pois é ali que os
pequenos peixes se escondem à noite, buscando exatamente
proteção contra os predadores. Sorrateiros, os pintados
ficam esperando um vacilo, uma falha nesse esquema de segurança.
A pesca é proibida nos primeiros 500 metros abaixo da barragem
de Jupiá, embora muitos pescadores se aventurem a isso
enfrentando o risco de serem presos pela Polícia Ambiental.
Quem
tem credenciamento como pescador profissional pode usar redes
de até 100 metros de comprimento para capturar o pintado.
Elas são armadas à tarde e no outro dia pela manhã
são recolhidas pelos pescadores. Outra forma de pescaria
é com o uso de tarrafas, uma rede circular com pesos nas
extremidades e em formato de cone que detém o peixe quando
é lançada, fazendo com que se enrosque nas malhas.
Nesse
caso, a tarrafa deve ser jogada e retirada da água logo
em seguida. Há ainda uma terceira opção que
é deixar a isca presa a um galho de árvore às
margens do rio. O pintado é o peixe mais caro na Colônia
de Pescadores de Jupiá, sendo que nessa época do
ano o quilo não sai dali por menos de R$ 20.