ARAÇATUBA-
Wilma Lúcia Garcia viu os cabos de vassoura ficarem mais
curtos e até desaparecerem rapidamente em sua casa. Num
belo dia descobriu que o culpado do mistério era seu
marido Densilson Aparecido Corassa, que resolveu construir pequenos
modelos de peixes, esculpidos em madeira, usando os cabos de
vassouras que eram macios e fáceis de moldar. Nascia
a isca artificial araçatubinha no ano de
1988.
Recentemente,
o NB publicou uma reportagem informando que muitas micro-empresas
de Araçatuba e região estavam copiando esses modelos
e que desconheciam o inventor. Denílson leu o NB e se
apresentou como criador dos primeiros exemplares. Ele disse
que nunca registrou o invento, pois o custo estimado em R$ 25
mil está fora de seu alcance. Mora numa casa da Cohab
no bairro Traitú, extremo oeste de Araçatuba e
a prestação de R$ 70 pela casa já é
um compromisso limitante da renda familiar.
Na
verdade tudo que ele queria era ampliar a produção,
adquirindo alguns equipamentos. Ele usa tecnologia improvisada
como uma enceradeira elétrica para lixar a madeira e
um ventilador comum para secar a tinta. O Sebrae- Serviço
de Apoio à Pequena e Média Empresa, não
considerou seu trabalho como artesanato e o excluiu dos benefícios
de financiamento, qualificando suas iscas de produto industrial.
Abrir
uma empresa? É muito para Denílson. Ele preferiu
montar um site e divulgar as suas iscas. E cumprindo o ditado
de que se alia ao inimigo, quando não se pode vencê-lo,
Wilma Garcia juntou-se ao marido e os cabos de vassouras foram
insuficientes.
Agora
os dois trabalham na confecção daqueles peixinhos
de 6, 7, 8 e 9 cm de comprimento por 1,5 cm de espessura e vendem
para pescadores profissionais, amadores ou esportistas. Numa
pescaria de tucunaré gasta-se até quatro iscas
artificiais por dia.
Há
vários segredos para o sucesso. O peso, a cor, o acabamento,
o balanceamento. Denílson disse que há locais
no rio Tietê em que o verde limão atai mais que
o amarelo, por exemplo.
Toda
isca tem uma quantidade de chumbo embutido na madeira. É
para dar o balanceamento. Dentro do rio esse peso
vai permitir permanência da isca em profundidade de 20
centímetros ou mais. Depende do interesse do pescador.
Os tucunarés, por exemplo, são encontrados em
baixa profundidade no rio Tietê.
Denílson
disse que suas iscas já são utilizadas em pescarias
no Rio de Janeiro, Brasília e Paraná e que a maioria
de seus clientes são nikkeis. Há planos inclusive
para exportar sua invenção para o Japão.